As abstenções.
Primeiro porque estão fartos do tom trauliteiro das campanhas, mas que se estende ao próprio parlamento da república onde cada interveniente procura elevar a voz bem mais alto do que o seu interlocutor e rematar com um «soundbyte» jocoso que lhe garanta algumas gargalhadas dos seus vizinhos mais próximos, o qual não deixa nem a mais ínfima margem para qualquer debate sério, honesto e fundamentado sobre os problemas em questão.
Depois porque bem pode o PSD vir dizer que é a única alternativa ao PS que já ninguém acredita tratar-se de qualquer verdadeira alternativa, mas tão só de alternância em que os «jobs» passam dos «boys» de um partido para os «boys» do outro, sendo que das demais formações partidárias, mesmo com a previsível subida do BE face ao clima propício a manifestações de descontentamento geral, ninguém espera qualquer alternativa nem tão pouco alternância, quanto mais não seja pela falta de jeito de algumas, como, também, pela apetência sôfrega e desmedida de outras (o CDS já por lá andou a alternar e deixou esse facto bem claro).
Estes factores justificam só por si e em muito os quase 2/3 de abstenções.
Os que votaram Branco (perto de 5%).
Pelas mesmas razões dos anteriores, mas querendo afirmar de forma mais militante e determinada que o presente «status quo» da república (mesmo em maré de ir a banhos europeus) está muito semelhante ao do velho aforismo: «isto já parece mais uma república do que outra coisa».
Os que não votaram PS.
Porque estão fartos dos ares socráticos e arrogantes qb do «big boss» e também não encontraram nenhum antídoto credível nos ares patuscos do avô cantigas (aliás, muito menos vital do que o outro), como professor de fila dos candidatos pê-esses, sobretudo quando empurrado para a traulitada até mais não pelo próprio engenheiro.
Os que não votaram PSD.
Porque não gostaram dos primeiros «outdoors» do chefe das hostes laranja atufadamente abotoado como quem quer rebentar pelas costuras o espartilho do fato, facto, de aprimorado corte neo-liberal recauchutado, a dar para o executivo MBA à pressa.
Os que votaram BE.
Porque estava lá uma carinha laroca (Marisa Matias) a fazer esquecer os ares de padreca inveterado (Louçã), de sacristão safado que vai à socapa às galhetas (Portas) e de intelectual caixa de óculos metido a cronista de referência (Tavares).
Os que votaram CDU.
Para ver se algum dos Verdes seria capaz de se juntar ao Cohen Bandit lá nas lides parlamentares europeias.
Os que votaram CDS.
Para ver se o Nuno Melo também sabe cantar o fado, qual marialva de camisa aberta no peito e leve madeixa ao vento, para camones fora de Portas.
Os que votaram Nulo (perto de 2%).
Porque alguns ainda não sabem ler, outros ainda não sabem ver bonecos e outros, ainda, não querem deixar o voto contra a república das bananas apenas em branco.
Os outros todos juntos (perto de 5%).
Porque gostaram da Laurinda Alves, por saudades do Garcia Pereira, ou por defeito do tipo cruzinha automática do euromilhões.
Logo, feitas todas as contas, ganharam obviamente os que (não) votaram em massa por um mesmo ideário, qualquer que pudesse ter sido, com as consequências previsíveis de um tal acto de (não) voto. A democracia (não) agradece.
quinta-feira, 11 de junho de 2009
terça-feira, 9 de junho de 2009
terça-feira, 2 de junho de 2009
The Accident as a Work of Art
© AFP/Johnsson Liu, September 21, 1999, Wufeng, Taiwan.
No sítio da «Fondation Cartier pour l'art contemporain» Paul Virilio apresenta diferentes exemplos de imagens obtidas em contextos de acidente e catástrofe que, no entanto, podem ser considerados como obras de arte. Polémico?
No sítio da «Fondation Cartier pour l'art contemporain» Paul Virilio apresenta diferentes exemplos de imagens obtidas em contextos de acidente e catástrofe que, no entanto, podem ser considerados como obras de arte. Polémico?
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