sexta-feira, 28 de novembro de 2008

A Saga da Última Ceia continua - 6


De facto já começam a aparecer os mais fantasiosos palpites sobre a razão de ser da última ceia versão r n r e dos seus protagonistas, alguns em comentário e outros em «live», alguns andam mesmo muito próximo, quase a queimar o retábulo. Mas vamos manter a suspança, com a complacência dos que já adivinharam, dando continuidade à platibanda apostólica e cumprindo a primeira metade do friso.

Jimmy Hendrix (1942-1970), o mago da guitarra, ou viola sem ser de gamba, com alma de cigano e swing até dizer chega. Queimar guitarras em palco, tocar o hino com distorção e inventar acordes, de que nem o Django se lembraria, que faziam chorar as pedras da calçada e eriçar os cabelos dos sovacos das costureirinhas encheu-nos as medidas, era algo que não passaria pela cabeça de ninguém daquela época neste jardim à beira mar plantado. Também é verdade que aqui poderia estar o Otis, a voz mais melodiosamente cool da soul, ou a Janis, a voz branca mais azul que alguma vez se ouviu, mas ficou o Jimmy e ficou muito bem, experienciando uma madalena nada arrependida e a ver estrelas contra os canhões e os barões assinalados por qualquer electric ladyland sentada à mesa em versão adaptada.
(naquela altura os capitães ainda não eram o que viriam a ser).

Media Literacy

A European exchange network for media literacy
Faro Seminar: Media Literacy and Youth Appropriations of the Internet.(English) (Français)
Embora não seja muito recomendável misturar conhaque com trabalho, igualmente a pedido de várias famílias (as mais chegadas à profissão), interrompo aqui a série explicativa dos actos dos apóstolos para dar a conhecer o projecto Euromeduc que, no campo da Literacia dos Media, não me parece que seja de deitar fora. Enjoy!

quarta-feira, 26 de novembro de 2008

Última Ceia 5


Mick Jagger (1943-…) tem a maior boca do rock n’ roll, tirando a Tina Turner, fazendo dela a imagem de marca dos Stones, embora a fronha enrugada do Keith Richards debruçado sobre a viola eléctrica de sons ácidos não seja de menor gabarito. Os calhaus rolados, no princípio, eram o pólo oposto dos escaravelhos, nada de cançonetas lamechas de mão na mão e I love you ye ye. Aquilo era só rythm n’ blues bem rasgado mas que, com o andar dos tempos e o encher da veia melómana do Brian Jones (1942-1969), foi ganhando textura melódica de fazer inveja aos «guedelhudos» de Liverpool, como por exemplo em She’s Like a Rainbow ou Paint it Black.
Os Stones eram a revolta contra tudo e contra todos bem visível no ar arrepiado das mães e dos pais das meninas namoradeiras a quem alguma vez oferecemos o Jumping Jack Flash como prenda de anos.
«Watch it!I was born in a cross-fire hurricane

terça-feira, 25 de novembro de 2008

Última Ceia 4


Frank Zappa (1940-1993), norte-americano de gema, mas também cidadão e compositor do mundo, pai das mães da invenção, ou seja das necessidades, representou tudo o que de mais irreverente se podia imaginar, para além de ter sido uma porta de entrada para o jazz e para uma muito maior complexidade lírica e musical do que estávamos habituados no mundo pop-rock. The Mothers of Invention foram a necessidade de ouvir tudo e mais alguma coisa com os ouvidos mais abertos do que nunca fora ousado.
«What's there to live for?

segunda-feira, 24 de novembro de 2008

O Cheiro do Amor


Hoje o Amor é teve cheiro, ou seja, de facto não teve porque, tal como a Inês M. explicou com o seu charmoso tom de quem vai à fonte sem quebrar a cantarinha, a Rádio não tem cheiro. Mas logo o Júlio M. V. ripostou que há estudos científicos que demonstram de forma bem demonstrada que o cheiro a suor fresco dos machos (tipo, canalizadores polacos, entubadores ucranianos e picheleiros portugas) é um isco fenomenal para atrair a atenção das fêmeas, sobretudo profissionais urbanas de meia-idade, em hora de ponta. Depois de alguma indecisão mútua sobre os benefícios dos perfumes e dos desodorizantes, veio-me imediatamente às narinas mentais a ideia do aroma combinado entre suor seco e retardado com excesso de desodorizante e algum perfume à mistura entre machos e fêmeas enlatados em elevadores de urbanidade inox com painéis de fórmica e alguns espelhos ainda em hora de ponta. Uma breve pausa enfática e lembrei-me daqueles filmes em smell-o-vision e cinemascope que largavam os cheiros na ampla sala do cinema da obra social do Porto Brandão de acordo com as sequências alinhadas para a matiné: plano de conjunto das rosas no roseiral, cheiro, plano médio da rapariga à janela, cheiro, plano de conjunto do estábulo e do celeiro com restolho em volta, cheiro, grande plano do rapaz a coçar a cabeça apoiado na forquilha, cheiro, plano americano das vacas a dar ao rabo para enxotar as moscas, cheiro, grande plano da mosca pousada …, náusea e saída pela esquerda baixa junto ao balcão da finesse, rua, ar fresco, … na semana seguinte o amor seria entre índias e cowboys, sem cheiro nem verosimilhança.

Última Ceia 3


John Lennon (1940-1980), foi dos escaravelhos o que mais assumiu a sua qualidade de apóstolo «mais famoso do que o próprio JC» (embora hoje já tenha sido perdoado pelo Vaticano) da nova ordem musical de todos os acordes de todos os santos de todos os dias da nossa vida naquela altura. Foi também, sem dúvida, o melhor de todos os Beatles, fosse como uma verdadeira Morsa-prima voadora espalhando diamantes e condecorações pelo céu, ou como seu mais directo alter-ego-antagonista: «The Walrus was Paul».
«I am he as you are he as you are me and we are all together.See how they run like pigs from a gun, see how they fly.I'm crying.»

domingo, 23 de novembro de 2008

Última Ceia 2


Carlos Santana (1947-...), autêntico apóstolo dos ritmos afro-latinos no seio do rock'n roll anglo-americano, que nos fez recuperar alguma latinidade perdida e envergonhada, tal como Manu Chao faria quase 30 anos depois, sobretudo com o êxito das músicas de fusão (improvisos bem mesclados com solos sublimes de guitarra, ambientes ácidos de órgão quase sacro e muitas percussões assentes em linhas limpas de um baixo fortemente pulsante, como por exemplo em Jingo e Soul Sacrifice no primeiro álbum, Santana, 1969, para além das fartas cabeleiras à Angela Davis e dos bigodes à Pancho Villa, mas muito principalmente com a afirmação quase adulta das melodias doces de Black Magic Woman e Samba pa Ti, lado a lado com o ritmo erótico de corrido rock-latino-afro-zapatista de Oye Como Va em Abraxas, 1970, o tal da capa estonteante e afrodisíaca de Robert Venosa.

sábado, 22 de novembro de 2008

Última Ceia 1


A pedido de várias famílias, que me têm feito chegar as suas interpretações mais crentes à caixa do correio, inicio aqui a explicação (mais ou menos quotidiana) do retábulo aos peixes, cuja concepção e fotomentagem é do cesarengs/DJ7, (2007).
Assim, da esquerda para a direita:
Roger Daltrey (1944-…), vocalista dos The Who, que talvez esteja um pouco forçado porque o Pete Towshend, ou o Keith Mooon, teriam sido mais emblemáticos, mas que, por outro lado, com aquele seu ar menos Mod e mais anos 70 de cabelos encaracolados e soltos como as meninas gostavam, acabou por dar a cara à My Generation.

quinta-feira, 20 de novembro de 2008

A Lurdinhas deu o braço a «trocer»?


A nossa senhora da educação, a nossa Lurdinhas (é assim que ela é mais conhecida na blogoesfera e no ciberespaço) deu origem aos planos de salvação nacionais de pretoguês e de màstemática, em boa hora, dizem os entendidos, assim como fez acabar com as faltas dos professores por obrigação de utilização do artº 4º entre outros atestados e demais produtos palio-justificativos para depois meter a cabeça na avaliação. Onde é que já se viu tal coisa, num país em que não se avalia nada, querer agora avaliar tudo o que diz respeito à prática científico-pedagógico-funcional dos professores e por tabela das escolas. Oh Lurdinhas, com franqueza, então e o bom senso? e os brandos costumes do bom povo pretoguês? E a bica e o pastel de nata? E a telenovela da tarde? E a da noite? E os bicos de papagaio? E a nossa senhora de fátima (pese embora a de lurdes)? E o fado da nova-desgraçadinha? E o futebol da vitória moral e ortográfica contra os 6-2 do Brasil? E a bronquite-asmático-crónica da brigada do reumático? E a mais do que conhecida inércia genético-cultural dos sistemas educativos daqui e dalém mar que só mudam passando por cima do próprio cadáver e, mesmo assim, só com autorização do encarregado de educação em papel selado com o carimbo da respectiva paróquia acompanhado da declaração de ausência de dívidas ao erário público e e do certificado de residência na freguesia testemunhado por duas vizinhas de reconhecido bom nome? Pois agora teve de dar o braço a «trocer», ... odmiram-se? Ê cá nãmodmiro, nã senhora, faz parte da nossa idiossincrasia, a qual é tão forte, prevalecente e reactiva que até podemos exportar para outros países bem mais subdesenvolvidos do ponto de vista dos costumes inducativos, tais como a Suécia, a Dinamarca, a Finlândia e, pasme-se, até mesmo a Ucrânia, a Eslováquia e a Eslovénia que até há pouco tempo nem sequer eram países com nome de gente. Troce, Troce, que o povo trocido jamais será vencido!

quarta-feira, 19 de novembro de 2008

LeiteMotivos II


Hoje, o Amor foi o Júlio M. V. a dizer à Inês M. que não é lá muito bom partido culinário nem, muito menos, bricoleiro, pelo que nunca teria grande futuro como marido de aluguer lá naquela agência argentina que alquila maridos para todo o serviço (mas do tipo, arranjar torneiras e desempenar portas, e outros serviços muito decentes para homem de baraba rija) E não é que no fim do programa se ouviu o tom da gargalhada golfante, logo reprimida, do António M. a pensar lá para com os seus botões qualquer coisa do tipo «É claro que qualquer senhora que se preze está no seu direito de encomendar um marido de aluguer para lhe desentupir os canos..., ou para lhe ir ao leite..., ainda que às 3 horas da manhã…) e logo a gargalhada alarvemente libertadora ali morreu no meio de uma alocução sexualmente correcta sobre os amores que são de segunda a sexta, etc e tal..., tá bem abelha, deixa-os pousar, que eu cá fico à espera do último a rir (e o António M se muito bem calha também).

LeiteMotivos I


Vou revisitar dois temas já abordados e que passam quase a assumir a qualidade de LeitMotiv deste bloguejar protuguês : Leite e Amor (o amor é … já a seguir).
Então, dizem que a MFL andou a propor uma sabática semestral para a democracia? Não me parece, o que ela poderá ter feito foi um rewind qualquer aos tempos em que foi ministra da educação, qual dama de ferro à portuguesa, ao lado de quem, a actual ministra da dita cuja pasta educativa pareceria uma dócil cordeirinha. Fraca memória sempre foi uma das nossas características, por isso é que o Salazar foi o mais famoso aqui há uns tempos e o Santana ainda se mexe em Lisboa e, já agora, a Maria de Lurdes que não desanime porque, à luz da história, ainda pode muito bem vir a ser secretária geral de um PS na oposição num qualquer futuro próximo de si.

terça-feira, 18 de novembro de 2008

Mas mesmo assim, a Suécia...

Ainda é aquele país onde 95% da população que sabe ler lê todos os dias pelo menos um jornal diário, sendo que a maioria lê mesmo dois, um nacional e um regional. Não admira que a literacia, nomeadamente a dos media, esteja em alta lá pelos nortes. De entre todos os jornais diários suecos, escolho o DN (isso mesmo, o Diário de Notícias på svenska), ou seja o Dagens Nyheter, que hoje traz na primeira página uma chamada para aquilo que os seus redactores chamaram «as 5 melhores obras impressas de e sobre Bergman», que inveja e que saudade de ler jornais assim logo pela manhã, bem cedo à mesa da cozinha, com o aroma do café quente a misturar-se com o suposto odor tipográfico (só na minha mente claro), Diário de Notícias que até já foste quase assim, por onde andas? Diário de Lisboa e Diário Popular, se bem que vespertinos, que falta me fazem.

« "Laterna Magica" by Ingmar BergmanThis novelization of Ingmar Bergman's life is full of drama ­ he almost dies at birth; a theatre production seems cursed to fail; he is arrested and persecuted by the tax authorities ­ but after going through his dark night of the soul, Bergman finds humour and humanity in the world.

"L 136" by Vilgot SjömanThis diary of the filming of "Winter light" is a treasure trove of incident and trivia about the filmmaking process but it is also something much more profound. It is a prolonged discussion between Bergman and Sjöman where student Sjöman gradually begins to understand the craft, and master Bergmandiscovers what his film is about and the best way to make it.

"Persona"By 1965, Bergman had directed 26 films, some of them his most famous, but he was not happy. He had a breakdown, and out of that came "Persona", the first true, completely honest Bergman film. Liv Ullmann plays an actress who will not talk, because to talk is to lie and she is not a hypocrite. Bibi Andersson plays the nurse who cannot stop talking."The Image Makers"Cinema was a thing of magic and joy for Bergman, and his favourite film was"The Phantom Carriage" by Victor Sjöström.

"The Image Makers", Per OlovEnquist's fascinating meta-play about the making of "The Phantom Carriage",was staged by Bergman at Dramaten, and then filmed for SVT in 2000. Tartanhave released both films on DVD for the first time so look out for it.

"Regi Bergman"With over 1100 superb and rare photos, and approximately 350,000 words from over 370 different sources to create an oral narrative that encompasses the full working life of Ingmar Bergman in the theatre, film, TV, radio and on the page. It may not be polite to mention our book, but we believe in it,otherwise we would never have made it. »

Pelo tema, hoje, publico isto também no Charme Discreto da Bloguesia, que também merece.

segunda-feira, 17 de novembro de 2008

E a Suécia ainda será o que era? Um forte de segurança social?




Diz um amigo meu que ainda por lá anda, que não.


Que aquilo agora já é muito mais «its all over now, baby blue» do que curiosidade - nyfiken - azul ou amarela, e que dos filmes do Bergman ainda há memórias, haverá sempre - quero eu crer, mas esfumadas e esbatidas nas curtas horas destes dias de inverno, que são a pior praga daquelas paragens (tirando o funcho com que cozem os lagostins no verão), correndo cada vez mais pequenos e ensombrados para o corporativismo neo-liberal, concurrencial e agressivo que teima em arrastar os economicistas herdeiros de um certo estado social das coisas para o descrédito público do economês sauvage à la crise mundial com molho de rhode island e, desta vez, também à europeia. Mas o pior de tudo parece ser o medo que se esconde por entre as ameias do Forte-Europa ainda que em versão nórdica e até algo soft como nos têm dito os Loop Troop rockers: (Confesso que gostava mais do medo nos rostos do Bergman, mesmo que fosse de verão, com a Mónica - Alguém se lembra de que já jogámos pingue-pongue no ecrã da televisão?)
They could, still breath and everybody wasn't dead
Somebody recorded a song
And this is what it said:
After the first and the second world wars
You'd think us europeans couldn't take it no more
But we built up and tore down the Berlin wall
Only to build up a new and improved around our crumblin' Fort (Europa)
This one was a bit tricky, not visible to the naked eye
And if you was lucky
You could slip through the cracks and the crevices tuckin'
Your life under your arm, this way some people snuck in
Only to become second class citizens
Not listed in the system not existin in a sence
Illegal immigrants
The word left a bitter sin
This place is cold and evil, I should have never went to
[Chorus]
Fort Europa
My so called Eutopia
Where I can't find no culture
Feel the walls getting closer and closer and closer
Right here in Fort Europa (Right here)
Where I can't find no culture
Feel the walls getting closer and closer and closer»

domingo, 16 de novembro de 2008

Lazy Sunday... o Gato que não mordeu o Cão



Ao fim de tarde de domingo, sem grande paciência para outras preocupações, tal como cantavam os Faces, fico à espera dos Gato Fedorento para ver se me presenteiam com outra entrevista de truz à semelhança do que conseguiram com a MFL. Engano, não conseguem e até têm razão (o que para humorismo nunca é muito fiável), o intervalo foi mesmo o mais interessante, embora a casa do Toy não fosse nada de deitar fora, mas longe vão os tempos de rir às golfadas. Talvez devessem fazer um intervalo maior.

sábado, 15 de novembro de 2008

Letras e Pátio







Participei recentemente no lançamento de um livro sobre «Discursos e Práticas de Qualidade na Televisão», organizado conjuntamente com a Gabriela Borges, que foi apresentado pelo Eduardo Cintra Torres num espaço bem acolhedor de Faro - o Pátio das Letras, perto do mercado municipal. Vale a pena passar por lá, pelo espaço, pelo acolhimento, pelas exposições e pelos livros. O descanso do guerreiro, em fim de tarde no bar do Pátio, com algo que reconforte a garganta e o espírito, também se recomenda.

sexta-feira, 14 de novembro de 2008

O Amor ainda é... mas já não é...


Outra manhã de ouvido no rádio, olho na 125 e mãos no volante (isto até dava quase para cantar os Doors em fundo) e fico preso no tom algo frio das actuais palavras do «Amor é…», sobretudo na neutralidade enfática de Inês Meneses a dizer que «não gosta da palavra lésbica» preferindo homossexual, para logo Júlio Machado Vaz explanar em tom sério as suas deixas até ao momento quase final em que explica, lexical e prof. qb, que a palavra lésbica vem da ilha de Lesbos, antevendo eu no seu tom de voz a remota possibilidade de alguma piada mais brejeira a lembrar os primeiros tempos do programa, mas à qual o afiado profissionalismo de Inês Meneses corta todas as vasas. Fico então nostálgico daquele tom de flirt suavemente picante entre o professor (embora nunca como tal designado) vivido, de bom recorte retórico e a sua interlocutora chique, jovial, loura por certo, mas bastante segura no fraseado solto e elegante de Ana Mesquita. E pensei, cá se fazem, cá se pagam! Pois ele houve lá alguma outra maldadezinha radiofónica mais cruel do que a que fizeram ao bom do António Macedo quando o substituíram na troca de argumentos com o Professor (aqui com P grande) pela bela Ana? Aquilo é que eram grandes trocas de piropos, «Ò Professor isto e Professor aquilo» interrompia Macedo com o seu vozeirão de barítono à café, «Ó António, não me chame professor, olhe que eu zango-me» ameaçava Vaz com convicção moderada, e de duas em duas frases de Professor, o António dava grandes gargalhadas, completamente boçais e a resvalar imprudentemente para algum machismo-portuga-tipo-manel-cheio-de-graça-que-também-faz-falta-porque-tristezas-não-pagam-dívidas, mas extraordinariamente contagiantes e indutoras de um magnífico espírito de libertação dos humores e dos amores, já para não falar no verdadeiro seguro de vida anti-cardíaco-matinal que difundiam pelo bom povo português a começar, seguramente, pelo impagável Animador do éter público, sendo que o Professor também amealhava, certamente, alguma apólicezita anti-qualquer coisa.
Ok, fica aqui o agradecimento público pelo bom serviço prestado às causas e às coisas que são o amor. Mas eu gostava mais do outro formato, com o Professor à António e o Macedo à Professor under cover, embora a Mesquita também não estivesse mal na maior parte das vezes. São gostos, eu sei e gostos não se discutem, mas isto, agora, às vezes fica mesmo muito profissional, muito clínico e muito radiofónico à séria. Já agora, sabem que os habitantes de Lesbos (que se transformou numa autêntica Meca para mulheres homossexuais) puseram uma acção em tribunal para garantir que só os habitantes e os naturais de Lesbos possam utilizar a designação de Lesbians? Eu acho que não vão ganhar, mas talvez possam recorrer para algum tribunal português… e, pelo menos, podem ir empatando.

quinta-feira, 13 de novembro de 2008

A República dos Aiatolas


Razão tinha o outro para dizer que «isto não é nenhuma república das bananas». Pois não (dos bananas, já não sei), mas é a dos aiatolas (também ouvi hoje na rádio), tão fundamentalistas quanto os outros, os verdadeiros com denominação de origem controlada, sempre prontos a vociferar agarrem-me senão eu mato-o, mas logo os primeiros, também, a deitar as mãos à tola e a dizer ai, ai que aí vem a falência, a crise, a avaliação, a nacionalização, a regionalização, a globalização e outras coisas acabadas em ão. Eu me confesso aiatola de plantão.

Independência Já!


E logo mesmo ao virar da esquina radiofónica (grande fonte de inspiração blogueira matinal) apanho com o Dr. Monteiro (esse mesmo em que vocês estão a pensar, o homem ainda mexe sim senhor e também fala) a proclamar que já que é assim que a Madeira quer e já que não há respeito nehum pelas leis da república (a dos aiatolas é já a seguir), então que se lhes «dê a independência» JÁ!
Eu cá por mim, o quinhão que possa ser meu enquanto republicano (laico e tal... como diz o Dr. Soares), dou-o já. É da maneira quie passo a ir mais vezes ao estrangêro.

A Madeira é um Jardim?


Ainda não tinha digirido a análise mediática anterior e já levava nos ouvidos com a decisão regio-presidencial (de região, entenda-se) de classificar todos os professores como Bons. Assim é que é! Toma e embrulha! Dizia o Dr. Jardim que não queria cá (lá) «nada de conversas fiadas». Pois, com esta crise tóxico-financeira-educativa-o-e-escolinhas, quem é que quer hoje alguma coisa fiada? E seu fosse professor na Madeira, ou seja dos Bons, também não me fiava muito não, ou seja, corria.

A Drª Leite, o medium e a massagem


Logo pela manhã ouvi, no aconchego da viatura, a Drª Manuela Ferreira Leite analisar o alinhamento de um noticiário televisivo que teria colocado em 14º lugar a notícia de uma sua intervenção na esfera pública, com a seguinte sequência de afirmações (não exactamente transcritas, mas respeitando a essência): «Ainda não conseguimos fazer passar a mensagem ... eu assumo a minha responsabilidade ... mas todos nós, dirigentes (do PSD), temos uma parte nessa responsabilidade ... e os media ... que colocam uma notícia da nossa intervenção em 14º lugar e ao mesmo tempo do início do jogo do Sporting noutro canal ... assim não pode ser ... à 14ª notícia já ninguém ouve o que diz ...».
Ò Drª, aqui fica um conselho meu (que até penso ser de esquerda, seja lá isso o for nestes dias que hoje correm) e completamente de graça: já lá vão os tempos em que se pensava poder alterar o efeito da comunicação de massas alterando um qualquer factor do processo comunicacional (teoria hipodérmica, etc e tal... por exemplo, 3º em vez do 14º lugar), sendo que por vezes, quando a mensagem não passa, a responsabilidade pode nem ser dos agentes (emissores, receptores e meios), mas da própria mensagem, já pensou nisso? Até o próprio McLuhan que afirmou ser o meio a mensagem, veio depois precisar, já quase no fim da sua vida, que talvez fosse também a massagem. E às vezes é mesmo muito difícil diferenciar entre uma e outra, venham elas em 1º, 14º ou 53º lugar. E já agora, o Sporting também poderia refilar, assim como assim, não dá golos nem pontos nem bom futebol, mas isso também nem sempre é o que interessa mais, não é verdade?

Ai Protugal, Protugal...


Hoje acordei com veia blogueira.

Ainda pensei em escrever um texto de opinião para o Expresso, mas como hoje é 5ª feira, já a edição deve estar prenha e o meu esforço seria muito provavelmente inglório. Pensei escrever para o Público, mas logo me lembrei que todos os dias são mais os textos de opinião nas suas páginas do que às mães (ou pais). Pensei também enviar algo para a imprensa regional, mas aqui nesta província saem quase todos os jornais à 5ª, pelo que só apareceria em forma de letra de hoje a 8 dias e completamente desactualizado.
Vai daí, criei este blogue (autêntica obra milagreira da multiplicação das letras, esta coisa dos blogues na hora). E tá fêto, mas tenho que agradecer à Dra Leite, ao Dr. Jardim, ao Dr. Monteiro e à república dos aiatolas, que a todos ouvi esta manhã, on the radio, rolando em plena 125, os kicks que me bombaram a verve para encher a veia já referida e que passarei a expôr, já de seguida (não saiam do vosso lugar) e, espero eu, com alguma regularidade, assim não murche a veia: