terça-feira, 21 de fevereiro de 2012

Na «Crise» (palavra grega) Somos todos Gregos...

ou pelo menos, vemo-nos todos gregos, quer queiramos ou não (quer dizer, todos, todos, não, há alguns que se acham mais piegas, outros que até se acham muito bem e para quem a «crise» é um fartar vilanagem e outros ainda que deveriam emigrar segundo a sua própria receita para uma outra esquina qualquer, se possível, bem longe), com vénia à Teresa Dias Coelho que transportou a imagem para a esfera pública.

terça-feira, 14 de fevereiro de 2012

Glenn Andrews and Friends: Parking Lot Jam in New Orleans

New Orleans, 2009
O som é deficiente, praticamente só se ouvem com uma certa distinção algumas partes da secção rítmica e as variações não são muitas mas a intensidade, a comunhão e alma (que o trombone a faz soar visível) são do melhor que se possa encontrar em qualquer jam que se preze. O registo vídeo é amador e quase estático, mas está tudo lá. I wish I was there.
Glenn David Andrews Glenn David Andrews and Friends

sexta-feira, 10 de fevereiro de 2012

Nobody Expects the # Spanish Revolution ? Mas pelo andar da carruagem até parece que ela seria bem necessária.

Photo: Notsureifsrs, WikiCommons, 2011

The Spanish Inquisition Strikes Back!

A Herança Franquista e a Nova Inquisição, ou será ainda a velha?

Sinto-me enraivecido pela a sentença que aplicaram a Baltazar Garzón e, no entanto, sei que a raiva não resolve nada, mas é mesmo uma raiva enorme contra este novo tipo de inquisição o que sinto.

quinta-feira, 9 de fevereiro de 2012

REN - Real Embrulhada Nacional? - quem compra o quê (all along the watchtower)?

Os fios de cobre são mais caros ou mais baratos na China, se vendidos a peso? E as nuvens, são de graça, ou de desgraça? Já as Torres, ou são Novas ou são Vedras, mas também já foram Gémeas e até de Vigia.  - Quem dá mais? - disse o Mentiroso para o Ladrão... será que há por aqui alguma saída ...?

terça-feira, 7 de fevereiro de 2012

Garzón: ¿la verdad en el banquillo?

«Parece increíble, pero España ocupa el segundo lugar del mundo en número de fosas clandestinas, solo detrás de Camboya»
Garzón: ¿la verdad en el banquillo?: Garzón: ¿la verdad en el banquillo?

segunda-feira, 6 de fevereiro de 2012

Noam Chomsky: 'As long they get the backing of dictators, it doesn't matter to western governments what Arab populations think' – video

Mesmo já com uns meses em cima (31/08/2011), vale sempre a pena ouvir a opinião deste homem, professor emérito do MIT, que aos 83 anos continua mais lúcido do que muitos dos seus pares bem mais jovens, para a qual fui alertado indirectamente através da partilha de uma leitura afim (sobre a ontologia de uma das mais complexas fotos do  9/11/2001, tirada por Thomas Hoepker) e partilhada pela Teresa Dias Coelho (obrigado Teresa) via The Guardian/FB: http://gu.com/p/3xgzc

   
   
   
   
   

http://gu.com/p/3xgzc

domingo, 5 de fevereiro de 2012

«O Pobre Cavaco», por Baptista Bastos

A magnífica e demolidora prosa de Baptista Bastos (agora à solta no Jornal de Negócios, quem diria?) a fazer lembrar o que de melhor escreveu no saudoso Diário Popular.

O pobre Cavaco
em Jornal de Negócios, 27 Janeiro 2012,
Baptista Bastos - b.bastos@netcabo.pt

 A pátria, estarrecida, assistiu, nos últimos dias, à declaração de pobreza do dr. Cavaco, e aos ecos dessa amarga e pungente confissão.
A pátria, estarrecida, assistiu, nos últimos dias, à declaração de pobreza do dr. Cavaco, e aos ecos dessa amarga e pungente confissão. O gáudio e o apoucamento, a crítica e a repulsa foram as tónicas dominantes das emoções. Os blogues, aos milhares, encheram-se de inauditos gozos, e a Imprensa, grave e incomodada, não deixou de zurzir no pobre homem. Programas de entretenimento matinal, nas têvês, transformaram o coitado num lázaro irremissível. Até houve um peditório, para atenuar as suas preocupações de subsistência, com donativos entregues no Palácio de Belém. Porém, se nos detivermos, por pouco que seja, no dr. Cavaco e na sua circunstância notaremos que ele sempre assim foi: um portuguesinho no Portugalinho.

Lembremo-nos desse cartaz hilariante, aposto em tudo o que era muro ou parede, e no qual ele aparecia, junto de um grupo de enérgicos colaboradores, sob o extraordinário estribilho: "Deixem-nos trabalhar!" Cavaco governava pela primeira vez e os publicitários colocaram-no e aos outros em mangas de camisa arregaçadas. Os humoristas de serviço rilharam os dentes, de gozo, mas a época não era propícia à ironia. O País tornou-se numa espécie de imagem devolvida do primeiro-ministro: hirto, um espeque rígido, liso, um carreirinho de gente cabisbaixa.

O respeitinho é muito lindo: essa marca d'água do salazarismo regressava para um país que perdera a noção do riso, se é que alguma vez o tivera. Cavaco resulta desse anacronismo que fede a mofo e a servidão. É um sujeito de meia-tijela, inculto, ignorante das coisas mais rudimentares, iletrado e, como todos os iletrados, arrojado nas afirmações momentâneas. As suas "gaffes" fazem história no anedotário nacional. É um Américo Tomás tão despropositado, mas tão perigoso como o original.

Manhoso, soube aproveitar o momento vazio, no rescaldo de uma revolução que também acabou no vazio. Os rios de dinheiro provindos de Bruxelas, e perdulariamente gastos, durante os infaustos anos dos seus mandatos, garantiram-lhe um lugar de aplauso nas consciências desprotegidas dos portugueses. Este apagamento da verdade está inscrito, infelizmente, numa Imprensa servida por estipendiados, cuja virtude era terem o cartão do partido. Ainda hoje essa endemia não foi extirpada. Repare-se que, fora alguns escassos casos isolados, ainda não foi feita a crítica aos anos de Cavaco e das suas trágicas consequências políticas, ideológicas, morais e sociais. Há uma falta de coragem quase generalizada, creio que explicada pela teia reticular de cumplicidades, envolvendo poderes claros e ocultos.

A mediocridade da personagem é cada vez mais evidente. E se, no desempenho das funções de primeiro-ministro, foi sustentado pela falsa aparência de el dourado, devido aos dinheiros da Europa, generosamente distribuídos por amigos e prosélitos, como Presidente da República é uma calamidade afrontosa. Tornou o lugar desacreditante e desacreditado.

Logo no primeiro dia da sua entrada no palácio de Belém, o ridículo até teve música. Um país espavorido assistiu, pelas televisões, sempre zelosas e apressuradas, àquela cena do dr. Cavaco, mãos dadas com toda a família, a subir a rampa que conduz ao Pátio dos Bichos, e ao interior do edifício. Um palácio que não merecia recolher tal inquilino. Mas ele é mesmo assim: um portuguesinho no Portugalinho, um inesperadamente afortunado algarvio, sem história nem grandeza, impelido para o seu peculiar paraíso. A imagem da subida da ladeira possui algo de ascensão ao Olimpo, com aquelas figuras muito felizes, impantes, formais, intermináveis. Mas há nisto um panteísmo marcadamente ingénuo e tolo, muito colado a certa maneira de ser portuguesinho e pobrezinho: tudo em inho, pequenininho, redondinho.

Cavaco nunca deixou de ser o que era. Até no sotaque que não perdeu e o leva a falar num idioma desajeitado; no inábil que é; no piroso corte de cabelo à Cary Grant; no embaraço que sente quando colocado junto de multidões ou de pessoas que ele entende serem-lhe "superiores." Repito: ele não dispõe de um estofo de estadista, e muito menos da condição exigida a um Presidente da República.

O discurso da sua pobreza resulta de todas essas anomalias de espírito. Ele tem sido um malefício para o País. É ressentido, rancoroso, vingativo, possidónio e brunido de mente. Mas não posso deixar de sentir, por este pobre homem, uma profunda compaixão e uma excruciante piedade.

Baptista Bastos - b.bastos@netcabo.pt