Hoje o Amor é teve cheiro, ou seja, de facto não teve porque, tal como a Inês M. explicou com o seu charmoso tom de quem vai à fonte sem quebrar a cantarinha, a Rádio não tem cheiro. Mas logo o Júlio M. V. ripostou que há estudos científicos que demonstram de forma bem demonstrada que o cheiro a suor fresco dos machos (tipo, canalizadores polacos, entubadores ucranianos e picheleiros portugas) é um isco fenomenal para atrair a atenção das fêmeas, sobretudo profissionais urbanas de meia-idade, em hora de ponta. Depois de alguma indecisão mútua sobre os benefícios dos perfumes e dos desodorizantes, veio-me imediatamente às narinas mentais a ideia do aroma combinado entre suor seco e retardado com excesso de desodorizante e algum perfume à mistura entre machos e fêmeas enlatados em elevadores de urbanidade inox com painéis de fórmica e alguns espelhos ainda em hora de ponta. Uma breve pausa enfática e lembrei-me daqueles filmes em smell-o-vision e cinemascope que largavam os cheiros na ampla sala do cinema da obra social do Porto Brandão de acordo com as sequências alinhadas para a matiné: plano de conjunto das rosas no roseiral, cheiro, plano médio da rapariga à janela, cheiro, plano de conjunto do estábulo e do celeiro com restolho em volta, cheiro, grande plano do rapaz a coçar a cabeça apoiado na forquilha, cheiro, plano americano das vacas a dar ao rabo para enxotar as moscas, cheiro, grande plano da mosca pousada …, náusea e saída pela esquerda baixa junto ao balcão da finesse, rua, ar fresco, … na semana seguinte o amor seria entre índias e cowboys, sem cheiro nem verosimilhança.
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Não sei não. Se puserem isto nos multiplexs, quando houver certos géneros de filmes, a malta sai das salas, tal não será o cheiro. Estou-me a lembrar por exemplo das comédias com piadas flatulentas. A ver vamos.
ResponderEliminarErrata: Se alguma vez isso voltar ás salas de cinema, como seria?
ResponderEliminarProvavelmente, seria um... odor.
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