domingo, 25 de janeiro de 2009

O Plágio e a Matéria Prima


Já que andei a citar algumas notícias mais recentes e também mais Socráticas do Público, aqui fica também, com as devidas referências, esta citação do Provedor e esta transcrição (do mesmo jornal, mas já desaparecida do acesso «Público» mais directo) reenviada pelo Paulo Cunha da Música XXI. E, assim como «bichinho álacre e sedento» fica também uma impressão vaga, difusa e ligeiramente incómoda de que se trata tudo da mesma coisa - qual insustentável leveza da educação?

«Precisa-se de matéria prima para construir um País»

Eduardo Prado Coelho - in Público, antes de falecer (25/08/2007)

A crença geral anterior era de que Santana Lopes não servia, bem como Cavaco, Durão e Guterres.Agora dizemos que Sócrates não serve.E o que vier depois de Sócrates também não servirá para nada.Por isso começo a suspeitar que o problema não está no trapalhão que foi Santana Lopes ou na farsa que é o Sócrates.O problema está em nós. Nós como povo.Nós como matéria prima de um país.Porque pertenço a um país onde a ESPERTEZA é a moeda sempre valorizada, tanto ou mais do que o euro.Um país onde ficar rico da noite para o dia é uma virtude mais apreciada do que formar uma família baseada em valores e respeito aos demais.Pertenço a um país onde, lamentavelmente, os jornais jamais poderão ser vendidos como em outros países, isto é, pondo umas caixas nos passeios onde se paga por um só jornal E SE TIRA UM SÓ JORNAL, DEIXANDO-SE OS DEMAIS ONDE ESTÃO.
Pertenço ao país onde as EMPRESAS PRIVADAS são fornecedoras particulares dos seus empregados pouco honestos, que levam para casa,como se fosse correcto, folhas de papel, lápis, canetas, clips e tudo o que possa ser útil para os trabalhos de escola dos filhos ....e para eles mesmos.Pertenço a um país onde as pessoas se sentem espertas porque conseguiram comprar um descodificador falso da TV Cabo, onde se frauda a declaração de IRS para não pagar ou pagar menos impostos.Pertenço a um país:- Onde a falta de pontualidade é um hábito;- Onde os directores das empresas não valorizam o capital humano.- Onde há pouco interesse pela ecologia, onde as pessoas atiram lixo nas ruas e, depois, reclamam do governo por não limpar os esgotos.- Onde pessoas se queixam que a luz e a água são serviços caros.- Onde não existe a cultura pela leitura (onde os nossos jovens dizem que é 'muito chato ter que ler') e não há consciência nem memória política, histórica nem económica.- Onde os nossos políticos trabalham dois dias por semana para aprovar projectos e leis que só servem para caçar os pobres, arreliar a classe média e beneficiar alguns.Pertenço a um país onde as cartas de condução e as declarações médicas podem ser 'compradas', sem se fazer qualquer exame.- Um país onde uma pessoa de idade avançada, ou uma mulher com uma criança nos braços, ou um inválido, fica em pé no autocarro, enquantoa pessoa que está sentada finge que dorme para não lhe dar o lugar.- Um país no qual a prioridade de passagem é para o carro e não para o peão.- Um país onde fazemos muitas coisas erradas, mas estamos sempre a criticar os nossos governantes.Quanto mais analiso os defeitos de Santana Lopes e de Sócrates, melhor me sinto como pessoa, apesar de que ainda ontem corrompi um guarda detrânsito para não ser multado.Quanto mais digo o quanto o Cavaco é culpado, melhor sou eu como português, apesar de que ainda hoje pela manhã explorei um cliente queconfiava em mim, o que me ajudou a pagar algumas dívidas.Não. Não. Não. Já basta.Como 'matéria prima' de um país, temos muitas coisas boas, mas falta muito para sermos os homens e as mulheres que o nosso país precisa.Esses defeitos, essa 'CHICO-ESPERTERTICE PORTUGUESA' congénita, essa desonestidade em pequena escala, que depois cresce e evolui até seconverter em casos escandalosos na política, essa falta de qualidade humana, mais do que Santana, Guterres, Cavaco ou Sócrates, é que é real e honestamente má, porque todos eles são portugueses como nós, ELEITOS POR NÓS. Nascidos aqui, não noutra parte...Fico triste.Porque, ainda que Sócrates se fosse embora hoje, o próximo que o suceder terá que continuar a trabalhar com a mesma matéria prima defeituosa que, como povo, somos nós mesmos.E não poderá fazer nada...Não tenho nenhuma garantia de que alguém possa fazer melhor, mas enquanto alguém não sinalizar um caminho destinado a erradicar primeiro os vícios que temos como povo, ninguém servirá.Nem serviu Santana, nem serviu Guterres, não serviu Cavaco, nem serve Sócrates e nem servirá o que vier.Qual é a alternativa?Precisamos de mais um ditador, para que nos faça cumprir a lei com a força e por meio do terror?Aqui faz falta outra coisa. E enquanto essa 'outra coisa' não comece a surgir de baixo para cima, ou de cima para baixo, ou do centro para os lados, ou como queiram, seguiremos igualmente condenados, igualmente estancados....igualmente abusados!É muito bom ser português. Mas quando essa portugalidade autóctone começa a ser um empecilho às nossas possibilidades de desenvolvimentocomo Nação, então tudo muda...Não esperemos acender uma vela a todos os santos, a ver se nos mandam um messias.Nós temos que mudar. Um novo governante com os mesmos portugueses nada poderá fazer.Está muito claro... Somos nós que temos que mudar.Sim, creio que isto encaixa muito bem em tudo o que anda a acontecer-nos:Desculpamos a mediocridade de programas de televisão nefastos e, francamente, somos tolerantes com o fracasso.É a indústria da desculpa e da estupidez.Agora, depois desta mensagem, francamente, decidi procurar o responsável, não para o castigar, mas para lhe exigir (sim, exigir) que melhore o seu comportamento e que não se faça de mouco, de desentendido.Sim, decidi procurar o responsável e ESTOU SEGURO DE QUE O ENCONTRAREI QUANDO ME OLHAR NO ESPELHO.AÍ ESTÁ. NÃO PRECISO PROCURÁ-LO NOUTRO LADO.E você, o que pensa?.... MEDITE!
EDUARDO PRADO COELHO

sábado, 24 de janeiro de 2009

«Preço das memórias caiu 85 por cento»


«José Sócrates durante uma visita à unidade fabril da Quimonda, em ... Maio de 2008»
In Público de 24.01.2009, por J.M.R.

- Por isso é que o Alemão anda pela hora da morte ...

- E há outros que andam de Burka ...

- E quem tem olho, em terra de cegos ...

- Ainda dá em filósofo grego.

Ganda Tanga!


sexta-feira, 23 de janeiro de 2009

Cantando as Janeiras - The Rama-Sound!

Rama-lá, Rama-dá, Rama-ao-Deus-dará, e se Deus não der, Ò'bama, o que é que aí virá? Vêm os Heróis da Rama?


quarta-feira, 21 de janeiro de 2009

After the 60s, the Party was Over?


Terminada a década de 60, continuaram as listas do «Em Órbita», talvez até com maior rigor e apuro, que também se reflectem nas transcrições do meu amigo David:
Pior do ano:Mungo Jerry «In the Summertime»
(aqui com a possibilidade de karaoke-party)

domingo, 18 de janeiro de 2009

The Worst and the Revelation of 69 (?)


Hoje , em dia de capicua aniversariante e continuando a divulgação das notas do Francisco F. David, aqui ficam os dois extremos que a avaliação (sem mais nem menos, é mesmo de avaliação de que se trata, ao contrário do que muita gente hoje por aí parece pensar) «orbital», algo fundamentalista - convenhamos, decretou como válida para todo e qualquer bom juízo musical que se pudesse ter em conta à época:
The (worst?) Ballad and the Revelation!

sábado, 17 de janeiro de 2009

Best Albums of 1969


Ainda «Em Órbita» do ano de 1969, no fim antevisto de uma década fabulosa em termos de criatividade musical, mas também em termos de reinvenção cultural e de rompimento comportamental com uma longa série de obsoletismos canónicos, aqui fica a lista dos melhores albuns desse ano, tal como o FFD a ouviu na rádio e transcreveu para o seu caderno diário.

Os melhores singles de 1969, segundo o «Em Órbita»

Já aqui se falou do
«Em Órbita», o programa que era absoluta-mente obrigató-rio ouvir, pelo que aqui ficam, com os cumprimentos do Francisco David (mais a sua caligrafia e o seu inglês camoneano), alguns exemplos das prescrições radiofónicas mais prafrentex da época. É claro que o Bob Dylan estava sempre numa categoria à parte.

1º - Atlantis = Donovan (?)

terça-feira, 13 de janeiro de 2009

Babylon Literacy


It is also important to praise Bob Marley for his enormous impact on our use of the English language as a lingua franca, which we use widely and freely in spite of all the errors that we may collect and express in spinglish, frenglish, portinglish, … all the babylonical jam dialects. Thank you mon, Ganda Patois!

sexta-feira, 9 de janeiro de 2009

(10) Don't cry ... Jam it over!

Bob Marley (1945 - 1981) foi e é bandeira de várias gerações (à semelhança do Jim), mas eu descobri-o já relativamente tarde porque durante os anos em que ele fez a sua entrada de sucesso no UK e, por tabela, na Europa (1974-76) andava eu muito bem entretido com outras coisas, tais como as filmagens de tudo o que foi movimentação social e política neste jardim à beira-musa plantado, desde os SUV (que não eram carros de tracção às 4 rodas para subir os passeios em Cascais) até às Mocas de Rio Maior (que não eram meninas sem cedilha muito arrebitadas), pelo que as músicas que eu mais ouvia então eram as das sessões de canto livre onde pautava a melhor platibanda de cantautores da casa republicana, laica e revolucionária. Depois veio Novembro com um certo frio imprevisto para o qual não se estava suficientemente agasalhado, os cravos das lapelas dos cantores murcharam um bocado e logo uma série de frieiras que andavam meio envergonhadas (excepto em Rio Maior) foram desabrochando um pouco por todo o lado. E eu, frio por frio, voltei para o da Suécia que sempre era menos bafiento. De novo às voltas com os livros na Universidade de Lund, retornei a Londres na primavera de 79, onde durante quase todas as férias da Páscoa os estudantes de Drama Teatro e Cinema de Lund passavam umas semanas a gastar as suas mesadas estatais (de empréstimo a longo prazo, mas com juros) e os seus magros dividendos de trabalho extra, porque nessa altura ainda não havia Erasmus nem Sócrates (também não era esse não senhor), em idas ao cinema, especialmente no museu do BFI, no teatro da off-scene, nos pubs (o melhor de todos era o Spaniards Inn) e nos concertos que havia todos os dias (e noites) aos montes.
Aí, em Abril de 1979 assisti a um concerto dos então já consagrados e incrivelmente ruidosos Motörhead e das novíssimas, mas muito acarinhadas por uma geração de late punks, Girlschool como supporting band no Lyceum de Londres (talvez os meus ouvidos nunca tivessem sido submetidos a tantos decibéis duma vez só e em formato tão concentrado pelo velhinho liceu londrino, a EscoladeRaparigas haveria ainda de servir de banda de suporte e não só aos Uriah Heep e aos Black Sabbath), quando descobri que nessa mesma sala tinha sido gravado há quase 4 anos o magnífico LIVE! que comprei de imediato e no qual me deleitei a descobrir as sonoridades lacrimejantemente rasgadas num contratempo de inevitável balanço a puxar para a dança de baixo ventre. Depois nunca mais deixei de ouvir nem o Marley nem muitos dos seus evangelizados, como o Peps que eu já tinha conhecido nas àguas-furtadas da Lunds Nation ainda em 1973 – Long Live the Jaming Roots!