domingo, 31 de outubro de 2010

Norwegian Wood

«I once had a girl, or should I say, she once had me.She showed me her room, isn't it good, norwegian wood?»

Photo of Narvik (Trondheim, according to B.G.) by Jemery, 2001.

«She asked me to stay and she told me to sit anywhere,
So I looked around and I noticed there wasn't a chair.
I sat on a rug, biding my time, drinking her wine.
We talked until two and then she said, "It's time for bed."
She told me she worked in the morning and started to laugh.
I told her I didn't and crawled off to sleep in the bath.
And when I awoke I was alone, this bird had flown.
So I lit a fire, isn't it good, norwegian wood.»

quinta-feira, 28 de outubro de 2010

Velha Fábula em Bossa Nova (The Ant and the Cicada)


(Em homenagem ao Alexandre O'Neill, só porque me apetece, aqui fica a versão integral da «formiga», já tantas vezes cantada, mas sem referências canoras à última estrofe entre «aspas» o'neillianas)


Minuciosa formiga

não tem que se lhe diga:

leva a sua palhinha

asinha, asinha.


Assim devera eu ser

e não esta cigarra

que se põe a cantar

e me deita a perder.


Assim devera eu ser:

de patinhas no chão,

formiguinha ao trabalho

e ao tostão.


Assim devera eu ser

se não fora

não querer.


(-Obrigado, formiga!

Mas a palha não cabe

onde você sabe...)

terça-feira, 26 de outubro de 2010

SEF ?


Veriquei mesmo agora que hoje, dia 26/10/2010, da graça, foi este blogue agraciado com a visita de alguém do Serviço de Estrangeiros e Fronteiras de Almada, Setúbal, exactamente às 14 horas e 58 minutos. Vá se lá saber porqê...

quinta-feira, 21 de outubro de 2010

Pintura moody e geracional


Por volta de 1969 (tinha tomado o banho tépido e distante dos acontecimentos de 68 que nos chegavam por portas e travessas via Paris Match e outras, tantas vezes ao som do «Nights in White Satin») quando saiu o «On Threshold of a Dream» ainda se ouvia o «In Search of the Lost Chord», sobretudo o tema «The Word» (talvez a primeira vez que ouvi algo próximo da arte do «spoken word») logo seguido do referente «OM», no entanto aquilo que mais me impressionava era a «cover art» de Philip Travers de ambas as capas e que contribuiu decididamente para eu comprar os LPs, assim como para me fazer crer que poderia pintar aqueles estados de alma.

segunda-feira, 18 de outubro de 2010

Knut Andreassen's photos for memory and honour, and some explanations for those of you that don't understand portuguese neither swedish



It was Knut Andreassen, the norwegian photographer in Lund, who asked me to record the voice of a portuguese soldier in the filmed version of the Historieboken that was going to be made in 1972/73. Then he showed me some photos he had taken in the liberated areas of the Portuguese African colonies, picturing for the world, for the first time, schools, medical care and other civic and military activities going on under the liberation wars in Guinea, Angola and Mozambique. For me, a young Portuguese university student, candidate to deserter, it was a revelation that influenced my all life and further opinions. Thank you Knut.

domingo, 17 de outubro de 2010

Keops Pyramid



Lund, 27 de Janeiro, 1973 - Manifestação de protesto contra o assassínio de Amílcar Cabral - Knut Andreassen segura uma das hastes da bandeirola e a Ann Schlyter segura na outra, o Zé Ferraz leva uma bandeira da Frelimo com a Gunnel ao lado, a Margot leva uma bandeira do MPLA e eu devo andar por ali perto de megafone em punho, enquanto o Romeu passeia o camuflado militar de pele branca para a neve com as mãos nos bolsos que o frio não era pouco e penso que o Joaquim Leite vai à sua frente com casaco semelhante. Penso que a Helena Davidson também deveria estar por ali, perto do Joakim. Na cabeça, para além das palavras de ordem, seguramente a música dos Hoola Bandoola Band.

terça-feira, 12 de outubro de 2010

Inícios dos Rituais da Flajazzação





Nós Somos os Flajazzados do Vento-Leste ...

(Segundo título de obra de Manuel Lopes, poema de Ovídio Martins e recordação de Knut Andreassen, para uma homenagem na Universidade do Algarve aos 50 anos de carreira mediática do José Duarte)

Oração

Perdão Manuel Lopes, Perdão Ovídio Martins

Por este sacrilégio neo-realista, neo-simbólico, Neo-Jazzístico,

Mas para cuja alma crioula, eu peço a vossa bênção,

Neste texto roubado, vilipendiado, truncado, trocado, fulano, mestiço, cigano, branco, preto, índio e texano, do sul, onde

Nós Somos os Flajazzados do Vento-Leste ...

A nosso favor
não houve campanhas de musicalidade
não se abriram os palcos para nos abrigar
e não houve tapetes estendidos encarnadamente para nós

Somos os Flajazzados do Vento-Leste ...

O contra-mar transmitiu-nos a sua perseverança
E aprendemos com o contra-vento a bailar na desgraça
As cabras ensinaram-nos a comer pedras para não perecermos,

- The bitches teached us to eat rolling stones,

Nós Somos os Flajazzados do Vento-Leste ...

Morremos e ressuscitamos todos os anos, em Cascais,
no desespero dos festivais que nos impedem a caminhada
Teimosamente continuamos de pé, e alguns já sentados,
num desafio aos deuses e aos homens da rés-música.

E as estiagens já não nos metem medo
porque descobrimos a origem das coisas
(quando pudermos!… Enquanto pudermos…)

Somos os Flajazzados do Vento-Leste ...

Os homens da rés-música esqueceram-se de nos chamar irmãos
E as vozes solidárias que temos sempre escutado
São apenas
as vozes do mar, do contra-mar,
que nos salgou o sangue,
as vozes do vento, do contra-vento,
que nos entranhou o ritmo do equilíbrio do contra-tempo
e as vozes das nossas montanhas
estranha e silenciosamente musicais,

Por entre as brumas da memória

Que Jazz-em 1, 2… 1, 2, 3, 4, 5 minutos de Jazz

Nós Somos os Flajazzados do Vento-Leste ...

(plagiado, triturado e adaptado por Vítor Reia, em Faro, que é Faro, 2009)