Nós Somos os Flajazzados do Vento-Leste ...
(Segundo título de obra de Manuel Lopes, poema de Ovídio Martins e recordação de Knut Andreassen, para uma homenagem na Universidade do Algarve aos 50 anos de carreira mediática do José Duarte)
Oração
Perdão Manuel Lopes, Perdão Ovídio Martins
Por este sacrilégio neo-realista, neo-simbólico, Neo-Jazzístico,
Mas para cuja alma crioula, eu peço a vossa bênção,
Neste texto roubado, vilipendiado, truncado, trocado, fulano, mestiço, cigano, branco, preto, índio e texano, do sul, onde
Nós Somos os Flajazzados do Vento-Leste ...
A nosso favor
não houve campanhas de musicalidade
não se abriram os palcos para nos abrigar
e não houve tapetes estendidos encarnadamente para nós
Somos os Flajazzados do Vento-Leste ...
O contra-mar transmitiu-nos a sua perseverança
E aprendemos com o contra-vento a bailar na desgraça
As cabras ensinaram-nos a comer pedras para não perecermos,
- The bitches teached us to eat rolling stones,
Nós Somos os Flajazzados do Vento-Leste ...
Morremos e ressuscitamos todos os anos, em Cascais,
no desespero dos festivais que nos impedem a caminhada
Teimosamente continuamos de pé, e alguns já sentados,
num desafio aos deuses e aos homens da rés-música.
E as estiagens já não nos metem medo
porque descobrimos a origem das coisas
(quando pudermos!… Enquanto pudermos…)
Somos os Flajazzados do Vento-Leste ...
Os homens da rés-música esqueceram-se de nos chamar irmãos
E as vozes solidárias que temos sempre escutado
São apenas
as vozes do mar, do contra-mar,
que nos salgou o sangue,
as vozes do vento, do contra-vento,
que nos entranhou o ritmo do equilíbrio do contra-tempo
e as vozes das nossas montanhas
estranha e silenciosamente musicais,
Por entre as brumas da memória
Que Jazz-em 1, 2… 1, 2, 3, 4, 5 minutos de Jazz
Nós Somos os Flajazzados do Vento-Leste ...
(plagiado, triturado e adaptado por Vítor Reia, em Faro, que é Faro, 2009)
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