Ando na
praia a procurar
Uma outra
vida bela e boa,
Vou ao
cinema, entro num bar
E vejo a
dita sorrir à toa.
Gasto o meu
tempo a caminho
Da outra
margem para Lisboa,
Volto a
casa, entro sozinho
Na minha
cama, deito a pessoa.
Falta-me o
jeito… falta-me o ar… para procurar.
Uma outra
vida, outra garra
De herói
galante noutra fita
De amor
perdido, o barco amarra
A proa ao
cais, cai em desdita.
No escuro a
luz vem de mansinho,
Saio para a
rua, pessoa aflita,
De volta sei
o meu caminho
Para a minha
toca hermafrodita.
Noite
desdita… dita o olhar… para me encontrar.
De manhã
cedo, pausa breve
Num outro
cais, num outro bar
Onde a dita
vogando serve
Cinemascópio
a ver o mar.
Gasto os
meus dias em viagem,
Não tenho
tempo para viajar,
Morro por
fim nesta outra margem,
Pouso os
meus restos no vosso altar.
Morro em Veneza…
morro ao luar…
À beira-mar
... à beira-bar ... à beira…
© Vítor Reia; Em Cena, nº 9 , Verão 2004, Faro, pgs.
56-57 (Ilustração: Marina Palácio, Ed. Paulo Penisga, Ed. Ass. Gabriela
Soares)
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